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“a thing of beauty is a joy forever”

Publiquei um livro

Escrevo neste blog desde 2010. No ano anterior, já havia tido um outro blog, mas perdi a senha dele e ficou por isso mesmo. Este blog me acompanha há 13 anos - e já teve muitos posts arquivados, pois quem quer a sua adolescência exposta na internet, não é mesmo? Mas são 13 anos escrevendo e sendo lida de alguma forma. E nesses 13 anos, eu nunca tive coragem de me chamar de escritora. 

Até agora. 

Quando a gente publica um livro, a gente é escritora? O que torna alguém numa escritora? É escrever? Obviamente. Mas basta? Porque escrever sempre escrevi, mas agora parece que a coisa é séria. Não que eu queira colocar um peso em cima disso e virar uma dessas pessoas pedantes & insuportáveis que se acham geniais porque algum editor achou seu livro bom o suficiente para publicá-lo. Sou só eu - uma jovem camponesa de bom coração que vai todos os dias ao bosque recolher lenha. Eu e os bichos que me fazem companhia, cujos sons ouço enquanto escrevo. Mas agora eu tenho um livro - que eu escrevi! - com ISBN e tudo. É doido pensar nisso. É doido pensar como este tem sido um ano de muitas coisas boas - e um ano em que tenho conseguido lidar. Ponto. Conseguido lidar ponto. Nem sempre da forma como eu gostaria, mas da melhor forma possível. 

Bem, escrevi um livro. Sou uma pessoa que escreve. Sou uma escritora ~~enfia a cabeça num buraco tal qual as emas. 

O livro se chama Oráculo. Reza a lenda que os oráculos existem desde que existe a civilização - o ser humano, afinal de contas, sempre quis saber do seu futuro, sempre quis entender melhor as coisas, sempre teve fascinação pelo mistério. O oráculo do meu Oráculo é aquele da Grécia antiga - a oráculo de Delfos, sacerdotisa de Apolo, pitonisa. Meu flerte (ou completa obsessão, como preferir) pela Grécia antiga começou quando eu ainda era criança, e não sei precisar exatamente quando. Sei que eu amava Hércules - tanto a animação quanto o desenho mesmo. Sei que um dia a minha mãe me pegou cantando uma espécie de hino a Apolo, isso quando eu tinha uns 5 ou 6 anos - lembro disso porque ela ficou preocupada e, além de ter memória do evento, volta e meia ela conta como eu era uma criança esquisita. Ao entrar na escola, fui pra biblioteca e peguei vários livrinhos já no primeiro dia de aula - e minha paixão pela mitologia grega só fez crescer. Não é à toa, portanto, que o meu livro tenha Apolo na capa e o título de sua alta sacerdotisa. É o destino. 

Apolo nas nuvens (1688), por Johan Teyler

O livro é de poesia. Acho que a primeira coisa que escrevi - fora o meu nome e as palavras básicas que toda criança aprende, claro - foi poesia. Não era boa, mas era genuína. Eu amo um bom romance, mas poesia é o meu gênero favorito, sempre foi. Na infância era uma criança romântica dada a passar horas lendo os poetas cujos livros encontrava na biblioteca da escola. Na adolescência fugia da educação física para ir ao cemitério, que ficava ao lado da escola, e ler Álvares de Azevedo e sua turma sentada em alguma lápide. A adolescente gótica por excelência, como se pode perceber. Escrevi muitos poemas naquela época, mas não fiz nada com eles, só os deixei guardadinhos e nem cogitava mostrá-los a alguém. Hoje, alguns estão no meu livro. É esquisito pensar nisso. Consigo perceber uma clara linha entre a Mia que fui e a Mia que sou - neste sentido, os meus poemas são uma espécie de espelho, embora não sejam necessariamente confessionais. Foi Henry James quem disse que "O autor está em cada linha da obra da qual ele tentou se ausentar". Só podemos ser quem somos - e aquilo que escrevemos, seja de forma explícita ou não, está repleto do que nos importa. Posso não me colocar no texto, mas apenas o fato de ter escolhido falar sobre uma coisa ao invés de outra já indica quais são os meus interesses, já mostra com o que me importo. É impossível escapar de si mesmo. 

Os poemas não são necessariamente sobre a Grécia antiga - embora alguns façam referência à Antiguidade Clássica. Mas também falam do Gótico, do Romantismo, do Tempo, da Morte, do Amor. De tudo o que me interessa, basicamente. 

No dia 02/12, farei o lançamento dele. Será em Porto Alegre. Caso alguém queira comparecer, sinta-se convidado. Quis deixar o lançamento mais aconchegante - até porque tenho pavor de aparecer em público, de ser vista, vocês estão aqui há tempo suficiente para saberem como sou introvertida -, então escolhi como local um pub muito bacana, com uma decoração linda, que realiza alguns eventos literários: o Mondo Cane. Vai ser às 16h. Convidei uma amiga, que é Doutora em Estudos Literários, para fazer um bate-papo sobre o livro e sobre literatura, mulheres escrevendo e poesia. Depois, o local costuma realizar, à noite, um karaokê. Não canto em público há muitos anos, mas acho que estarei de bom humor o suficiente para tentar. Vai ser divertido. :) 

O livro pode ser adquirido diretamente no site da editora, caso alguém se interesse. Se quiser, clique aqui para ser redirecionado para a página do livro

Espero que gostem. 

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